sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Você tem 2 meses de vida

Sabe aquelas histórias em que alguém descobre que vai morrer em pouco tempo e então decide mudar sua vida e fazer tudo o que sempre quis? Pois bem, eu sempre achei essas pessoas um tanto estranhas. Pessoas más acabavam virando boazinhas, seus maus hábitos se ajeitando, decidiam viver aventuras, cumprir promessas, realizar sonhos... Nisso eu pensava, se elas sabem que não estão vivendo a vida como gostariam, por que viviam daquele jeito? Precisavam mesmo de uma sentença de morte pra mudar?

Depois de ver muitas histórias assim, decidi que isso era idiota. Se eu um dia descobrisse que tinha uma doença terminal, ia continuar a viver minha vida exatamente como era. Hoje entendo que realmente não é possível isso, você faz certas coisas que não quer ou que são perda de tempo porque o futuro existe. Não levar isso em consideração seria leviano e irresponsável. Mas bem... o ideal seria sempre ficar o mais próximo possível de uma vida que você não se arrependa de ter vivido. O grande dilema.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mudança de Rumo

Comecei esse blog pensando em fazer algo mais gutural(?) do que simplesmente falar dos meus hobbies, o que acontece no meu dia, e o que eu julgo importante. Queria pegar aquelas bobagens e filosofadas que surgem na cabeça em momentos estranhos do dia e colocar aqui de um jeito dinâmico e possivelmente engraçado. Mas, mudei de ideia. Nessas férias vi que meus hobbies tomam mais tempo meu do que qualquer outra coisa, e por isso tenho muita coisa que poderia comentar sobre eles. É o que estou me sentindo mais motivado pra escrever no momento, então pronto, que entrem os palhaços.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Não dá pra entender...

Alguém por favor me explique no que certas pessoas se baseiam pra escolher sabores de pizza como o de milho, tomate seco e rúcula, vegetariana, muzzarela? Simplesmente não faz sentido.

1. Não adianta pedir uma pizza querendo que ela seja diet, saudável ou regule seu trato. Ela vai ser gordurosa e pesada, então peça uma pizza que te dê prazer de comer, independente de fazer bem ou não. Se estiver de dieta ou não puder comer esse tipo de coisa, então engula o choro e NÃO COMA UMA PIZZA!

2. Não adianta dizer que gosta desse tipo de sabor, porque com certeza existem outros (e que vocês mesmo acham) muito mais saborosos. Essas coisas mais sem graça do mundo não chegam nem perto de uma pizza de camarão, frango com bacon, strogonoff, calabresa com molho de pimenta, etc. Se querem comer essas pizzas sem gosto, comprem massa de pizza no mercado e coloquem queijo/milho/legumes por cima. Muito mais econômico.

3. Pense em quem come com você. Se estiver num rodízio e ainda assim quiser ignorar o que eu disse acima, tudo bem, é só a si mesmo que você está enganando. Mas se está pedindo uma pizza com alguém, não estrague um dos outros sabores para seu companheiro, ele com certeza espera ter algum nível de satisfação ao provar dos sabores da pizza.

Espero que este post ajude algumas mentes confusas.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A verdadeira maionese

Não, nada a ver com tangos e tragédias... hoje vamos falar sobre duas teorias que comentam sobre o "ser" humano, uma delas a do "eu verdadeiro".
A idéia de que quem você mostra ser no seu dia-a-dia não é quem você realmente é é algo que todos entendem à medida que vão crescendo. As convenções sociais te obrigam a se portar de tal ou qual maneira, independente da sua vontade, ou você não será bem visto ou ainda aceito. Provavelmente foi algum poeta que romantizou a idéia de um Eu verdadeiro, uma persona escondida por baixo de toda essa simulação coletiva, e que remete à quem você é de verdade, lá nas entranhas mesmo. Eu tendi pra essa idéia a maior parte da minha vida, inclusive passei grande parte esperando que alguém conseguisse ver essa persona e me dissesse como ela (e consequentemente eu) era. =/

O problema dessa teoria é sua indefinição, pois até um assassino poderia ter um eu verdadeiro muito lindo e bonzinho (e quem dirá que não?). Eu poderia roubar de pessoas toda a minha vida e ter na minha consciência que eu na verdade não sou assim, afinal, meu eu verdadeiro não é um ladrão. Mas bem, desde que dividiram o consciente e o inconsciente na mente ser humano, sabemos que a personalidade de alguém não é tão simples (ou conveniente) assim. Já dizia a sinopse de MPD.

É aí que entra o que eu chamo de "a teoria da cebola". Segundo ela, as pessoas seriam como cebolas, compostas de várias camadas, o detalhe é que algumas são mais internas do que as outras. Uma camada você mostra só para sua família, outra para seus amigos, outra para seus colegas, mas o que importa é que, no fim do dia, você é a soma de todas elas. Seria impossível negar uma delas por mais superficial que fosse, pois ela é a sua interpretação de superficialidade, faz parte de você.
Como não gosto muito de cebola, enquanto isso eu continuo a procurar...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Comum

Conheço uma pessoa. Conversamos, nos damos bem, trocamos contato, fazemos coisas juntos. Dividimos momentos difíceis e alegres, alguns longos, outros mais breves. Trocamos e ficamos, confidências e amigos, por muito e muito tempo. De repente, estamos cada um em seu lado, embora ainda ali, ao alcance. Tempo passa, cada vez mais, a distância, me pergunto se é só impressão, mas, a minha mão, não parece mais alcançar. Nos encontramos de novo, conversamos, quanto tempo faz, o que temos feito, por que não temos mais nos encontrado tão fácil? Pressa? Adeus. Uma sensação, de que algo está diferente... Mas eu ou o outro? Sei que vamos nos ver de novo, mas sinto receio onde havia antecipação. Me comporto como antes? Adiantaria? E como eu era exatamente? Convido pra alguma coisa, mas não há tempo. Bilhetes, que são respondidos com dias de diferença... quando respondidos.

Saindo, avisto com outras pessoas... estranhas. Bom saber que está bem, mas não lembrava de ser assim. Faz o que, eu, não julgava capaz. Não mais conheço? Ou nunca realmente conheci? Não sinto mais a confiança de qualquer intimidade. Na bem da verdade, as últimas conversas foram bem... ...de ambas as partes. Bom, deixa pra lá, talvez não fosse tão especial assim. Algo comum, enfim...

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 Texto um tanto comtemplativo, mas atire a primeira bala de goma quem não reconhece de onde isso veio. Não, sério, atirem mesmo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ah, rabiscos de banheiro...

"Tem uma surpresa pra você 3 azulejos pra baixo ->"


....e eu olhei.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vai uma charada?

Acredite quem quiser, gastei uns minutos do meu dia criando um poema (ou tá mais pra versinho?). Isso é tão "não eu" que até fiquei assustado. Mas, como bom humano que sou, consegui distorcer seu uso final e contornei esse conflito de identidade. Eu ia dizer sobre o que o poema é (seria inclusive o título do post), mas agora ele vai servir de um experimento, digam que significado vêem nele e tentem adivinhar sobre o que ele fala. É algo muito comum, tão comum que acho que ninguém vai se dar conta. Tem algumas palavras mais "regionais" no meio, qualquer coisa que não acharem num dicionário é só perguntar.

Fiel, destemido,
aonde foi você, meu amigo?
Antes, a alegria da festa,
agora está aí... caído.

Por que transpiras
se estás manso?
Vem cá,
te arranjo um descanso.

Transbordando estavas, e já esvanecido?
Tão pálido, esquálido,
que ao te olhar, vejo ao comprido.
Translúcido, como o vidro...

Se em ti, tudo fica: marca, nome e apelido,
é triste, confesso, dá até arrepio,
te olhar de soslaio
e te ver tão vazio.

Espero que logo,
no mais tardar,
apareça quem possa
te completar.

domingo, 27 de junho de 2010

Cultura futebolística

Quando eu era criança, lembro vagamente de algum professor fazer uma crítica ao modo com que o brasileiro via a copa do mundo de futebol. Acho que ele chegou a citar "pão e circo", mas se comentou eu não entendi na época. Querem uma verdade? O período da copa do mundo cega as pessoas para problemas reais que estão acontecendo no mesmo momento, e de uma forma muito simples: falta de informação. Os grandes jornais estarão muito ocupados comentando jogos ou fazendo conjecturas sobre o campeão para informar, por exemplo, sobre a situação do vazamento de petróleo que era a principal notícia pré-copa. Quem sabe que coisas importantes e que mereciam atenção podem estar perdendo espaço para a paixão nacional.Se minha memória não falha, aquele professor estava bravo por casos de corrupção terem sido abafados em função disso, portanto o pão e circo. Dê a eles comida e diversão e reinará por 100 anos.

A questão aqui é se alguém realmente parou pra pensar se quer ter isso como parte da sua cultura, e as coisas que isso implica. Tudo bem que é o esporte preferido do país, que crianças jogam pelas ruas, que temos tradição, mas até que ponto nossa vida pode girar em função disso? Os dias de jogos do Brasil estão sendo tratados como meio-feriados, as lojas fecham, o comércio para, a atenção é toda voltada pra uma televisão por quase 2h. Não que eu esteja reclamando, adoro uma folga e gosto de ver o futebol da seleção, mas por que não se faz isso pro vôlei, se também existe uma tradição do Brasil na competição? E se fizéssemos isso pra todos os esportes?  Afinal, é só de 4 em 4 anos.
Acho engraçado pensar que se algum país estrangeiro quisesse nos invadir, como se viu várias vezes na história, não teria data melhor para um ataque massivo do que a de uma final de copa. Nem mesmo os dias de carnaval.

Foi só uma coisa que passou pela minha cabeça esses dias.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Histórias de vida

 Joãozinho era um garoto de favela, como muitos que existem por aí. Ele não fazia o tipo sonhador; muito pelo contrário, era absurdamente realista quanto a sua perspectiva de vida. Afinal, todos de sua família, pai, tio, avô, primo, estiveram boa parte da vida ou estão em uma penitenciária do estado. E os que não estão atualmente, sabe-se, mera questão de tempo. Reza a lenda que alguns foram até concebidos na cadeia. Mas Joãzinho sabia que não queria isso da vida. Queria mais. Traçou, então, planos e objetivos para seu futuro.
Não era nenhum gênio, então precisou estudar arduamente para sair do primeiro grau e entrar em uma boa escola. Se formou técnico ao mesmo tempo que completou o segundo grau. Mas Joãozinho, agora João, sabia que isso não era o suficiente. Estudou então como nunca para passar no vestibular, e foi a coisa mais difícil que ele já fez. Fez mais cadeiras que seus colegas, se formou em biblioteconomia em tempo recorde. Com o canudo em mãos, agora ele podia finalmente partir para o que queria. Tudo em seu plano havia dado certo até então. Assim, com uma arminha de plástico, tentou assaltar o primeiro banco que encontrou, e esperou pacientemente a chegada da polícia. Confessou prontamente seu crime ao se entregar às autoridades, sendo condenado à prisão especial para curso superior.

sábado, 5 de junho de 2010

Mundo Maluco

Acabei de conversar com um cara que é contratado pelo Google pra analisar conteúdo pornográfico. Ele recebe uma busca do tipo "lésbicas", que não necessariamente é pornográfico, e vê quais respostas levam a materiais pornô.

Aparentemente nem sempre o trabalho envolve refinar putaria, mas que é algo engraçado que alguém ganhe pra fazer o que muita gente acaba fazendo individualmente, isso é.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ode à amizade

Mais um daqueles textos que vocês tem que ler, de um blog que achei no do Trovador.

Se eu quisesse escolher alguém…


I
Que se explodam os classicistas
E os roqueiros de quadril de aço
Quem não tem molejo
Não consegue dançar
II
Que sumam os pagodeiros
E seus colegas funkeiros
Que suas músicas de letras patéticas
Revelem seus verdadeiros desejos
III
Se eu quisesse escolher alguém
Pela música que ouvem
Não escolheria ter amigos
Mas sim um rádio portátil
IV
Que um raio partam os ateus
Para terem mais fé
Que uma doença terminal
fulmine os crentes milagreiros
V
Que o fogo de um caldeirão
Engula os bruxos e feiticeiros
Que o peso dos livros sagrados
Estourem a cabeça dos agnósticos
VI
Se eu fosse escolher um amigo
Pela religião que ele escolheu
Não teria amigos, mas sim
Livros, feitiços ou fetiches
VII
Que uma caneta afiada
corte o coração dos poetas
Que um dado mal-jogado
Bloqueie a traquéia do RPGista
VIII
Se eu fosse escolher meus amigos
Pelos seus hobbies
não teria amigos, mas sim
Um grupo de terapia ocupacional
IX
Se eu escolhesse meus amigos
não por quem são, mas por quem seguem
Seria uma pessoa solitária
Já que não sigo ninguém
X
São tantos os nomes
São tantas as pessoas
Os hobbies e religiões
Músicas e Estilos
XI
William, Carla, Thalles
Trovador, Sidney, Rafa
Carlos, André, Carolzinha
Cibele, Janete, Cátia
XII
Esses são alguns amigos
De brincadeiras e fés diversas
De vocações e orientações
Específicas de cada um
XIII
Se eu fosse escolhê-los
Só por seus estilos
Não teria amigos
Teria  uma peneira
XIV
As pessoas que elegi
Como meus amigos
Não os quis por seus padrões,
Mas sim por suas essências.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Meu superpoder

Tenho uma habilidade muito pouco reconhecida. Eu posso dormir em qualquer lugar. Sério. Meu único limitante (no momento) é precisar de um lugar pra sentar, mas estou trabalhando nisso. Quase consegui dormir de pé uma vez, foi por pouco, mas ainda não cheguei no equilíbrio necessário. Enganam-se se pensam que isso foi uma habilidade que caiu do céu, que nasci com ela. Ela foi trabalhada arduamente durante meus anos de primeiro e segundo grau.

Se bem me lembro, lá pela primeira série, estava cansado numa das últimas aulas do dia, deitei na classe e fiquei um bom tempo assim, embora não exatamente dormindo. Um dos meus colegas dedo-duro comentou com a professora, e ela disse "Deixa ele, deve estar cansado". Mas naquela época isso era a exceção, normalmente alguem sempre te acordava. Foi só na sexta série que eu consegui maior margem pra dormir nas aulas, e então descobri o verdadeiro potencial desse ato: fazer os momentos chatos do dia passarem mais rápido.

Imagine só, poder cochilar na sala de espera do médico ou da coordenação da escola (eu era mandado pra lá de vez em quando), durante horas de uma viagem, quando estiver doente, desanimado, sem nada pra fazer, etc. Porém, naquela época, eu ainda necessitava de uma classe, algo em que deitar a cabeça e apoiar o corpo. Hoje em dia vejo como era inexperiente. Sem falar que pegava muito mal, acordar com marca do livro no rosto, baba escorrendo pela boca. Foi numa dessas que um engraçadinho da turma me deu apelido de Capitão Soneca.
- Colchão!
- Lençol!
- Cobertor!
- Travesseiro!
- Pela união dos seus poderes, eu sou... huaaah.... Zzzz...

Passei parte da oitava série imaginando alguma forma de dormir escorado pra trás ou pra frente na cadeira, e comecei a conseguir dormir quase encostando na carteira, mas ainda não era o suficiente. Ficava muito óbvio, precisava de um jeito de dormir que não chamasse tanto a atenção, e usar o braço pra escorar a cabeça estava ficando batido.

Foi somente no segundo ano do segundo grau que dominei um jeito de fazer com que o próprio pescoço segurasse o peso da cabeça, permitindo um cochilo muito mais discreto (não tentem fazer isso em casa crianças, precisa de um pescoço forte). Conseguia então simplesmente baixar a cabeça alguns graus e me deixar levar pelo sono.

O problema é quando esse superpoder(?) sai do controle. De uns tempos pra cá, quando tenho crises de sono ou cansaço, por mais que queira prestar atenção em alguma coisa ou me manter acordado, minhas pálpebras vão fechando e minha cabeça baixando. E eu nem noto. Estou no meio da aula quando de repente a sala é invadida por macacos dançantes, uma enxente ou qualquer coisa. É aí que eu noto que estou dormindo e tento acordar depressa, de vez em quando com um pulo da cadeira, que ou assusta ou faz as pessoas (que me conhecem) terem acessos de riso. Mas um dia eu chego à perfeição... de preferência aos poucos pra não cansar muito.

sábado, 29 de maio de 2010

Gafes

A vida, grande formadora que é, ensina que nunca se é jovem ou velho demais pra cometer uma gafe (vide nosso presidente). Tinha eu por volta de 12 anos quando meu Pai Biológico estava pra fazer uma viagem pros EUA, e disse que cuidava do resto das despesas contanto minha mãe pagasse minha passagem.

Vale a pena comentar o momento que conheci meu PB, pois serve de exemplo da mente abstrata infantil. Minha cara mãe, quando tinha eu 1 ano de idade, conheceu meu pai (não o que doou os genes). Eles se deram bem o suficiente pra decidiram morar juntos, sendo ele minha figura paterna desde que me conheço por gente. Vocês imaginam então minha surpresa quando, com uns 5 anos, sou apresentado a meu segundo pai. Peraí... onde está a câmera ou meu sabre de luz? Lembro que me disseram "Ele é médico" e "Ele te ajudou a nascer". Imaginei eu então, ao melhor estilo Mundo de Bob, que os médicos que realizam os partos eram também considerados pais dos bebês. Veja só você. Mas divago.

Tinha eu feito já um ano e meio de curso de inglês nessa época da viagem, por aquela clássica livre e espontânea pressão de mãe, porém sendo surpreendentemente (mesmo) um dos melhores alunos, meu inglês era considerável pra minha idade. Foi num estacionamento de um supermercado que aconteceu. Ela era uma mulher saindo/entrando no carro ao lado, e eu fui o primeiro a chegar na porta de trás da van, que era daquelas que você primeiro puxa e depois desliza pra trás.
Deslizando a porta, um barulho oco me fez perceber que ela tinha batido em alguma coisa, e virando noto que era a cara da tal mulher. Mas não foi isso. Eu, meio atordoado, tento me desculpar:
- Excuse me! - baixo a cabeça, termino de abrir a porta e entro na van, agradecendo as aulas de inglês. Afinal, não eram completamente inúteis (eu ainda não havia descoberto os RPGs de videogame).

Mas, no que eu disse isso, foi a mulher quem fez uma cara aturdida e deu um passo meio contrariado pro lado. Não entendi por que, mas minhas palavras deixaram ela mais surpresa do que levar uma porta na cara, e isso não me pareceu muito comum, por mais que ela morasse nos EUA. Compreendi o ocorrido somente quando dentro da van meu (meio) irmão menor perguntou pro meu pai o que eu tinha dito, e ele respondeu "Com licença". Claro, quando se pede desculpas se diz "Sorry", mas eu havia pedido, enérgica porém educadamente, pra mulher sair da porra do caminho da porta.

Houveram algumas outras gafes minhas nessa viagem, mas ainda menos engraçadas do que essa, então nem comentarei.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Textos

Vira e mexe eu vejo uns textos por aí que eu gostaria de ter sido o autor. 

MÁRCIA
- Se meu pau fosse maior, você mudaria de ideia?
- Ah, Douglas, pelo amor de Deus...
- Tipo uns dois centímetros a mais, com umas veias mais pulsantes...
- Douglas!
- Porque se você disser que é isso, eu ponho uma prótese e...
- Douglas, isso não tem nada a ver com seu pau.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Então por que tá me deixando?
- Não sei.
- Como não sabe? Uma decisão drástica dessas tem que ter, no mínimo, um bom motivo. Afinal, você está alterando irremediavelmente o curso futuro da nossa existência.
- Não exagera. Também não é pra isso tudo.
- Desculpe, mas é um choque muito grande pra mim.
- Ah, dá um tempo. Vai dizer que é a primeira vez que você é abandonado por uma namorada?
- Por uma namorada imaginária é a primeira vez sim. A gente cria uma namorada imaginária justamente para não ter esse tipo de problema. Sabe, eu criei você. Em tese, você não deveria sair do meu controle. Isso não devia estar acontecendo.
- Mas isso não está acontecendo. Na verdade, essa é uma conversa imaginária, uma representação alegórica, uma metáfora psíquica da sua virilidade frágil, da sua incapacidade para lidar com o sexo feminino, da sua impotência sexual latente e...
- Tá bom, tá bom. Eu não quis dizer acontecer no sentido literal. Quer dizer, eu achei que estivesse tudo bem com a gente e, de repente, você chega e diz que está tudo acabado. O que eu fiz de errado?
- Sei lá, nada. Acho que vivemos em mundos muito diferentes.
- Do que você está falando? Nós vivemos juntos na mesma casa.
- Você sabe do que eu estou falando. Eu nem conheço seus pais. E olha que eles também moram aqui.
- Márcia, você é minha namorada imaginária. O que acha que meus pais diriam se eu entrasse pela porta, apontasse um ponto vazio no espaço e dissesse: “oi, pessoal, essa é a Márcia, minha nova namorada”?
- Sempre a mesma desculpa. Você me trata como uma amante secreta.
- E o que você queria que eu fizesse?
- Queria que você não me visse apenas como um objeto. Queria que me desse mais espaço na sua vida.
- Mas, Márcia, você é minha vida.
- Douglas, a única coisa que eu preciso pra viver é de um pouco da sua capacidade de abstração e, como sua namorada imaginária, posso dizer com autoridade que você tem andado totalmente sem criatividade.
- Não acredito que estou ouvindo isso. Márcia, eu sempre fiz tudo pra te deixar feliz. Você queria restaurante francês, eu imaginei, queria casaco de vison, eu imaginei...
- Imaginou na cor errada.
-... queria um pônei, eu imaginei... Até aquela coisa estranha que você queria fazer... sabe, aquele lance com o melão...
- Hi, hi. Achei que você não ia topar. Deve ter doído bastante.
- Márcia, você tem tudo que toda mulher sempre sonhou. Você tem conforto, carinho, sexo de qualidade...
- Aham.
- O que foi? Olha, eu tive um probleminha ontem, mas foi a primeira vez e...
- Aham.
- Tudo bem, aquilo que aconteceu ontem vem acontecendo frequentemente. Mas é apenas uma fase.
- Aham.
- Ok, ok. Já entendi. Tenho andado um pouco... ahn... distraído. Mas você deveria concordar comigo que a grande vantagem da namorada imaginária é que a gente pode ter esses problemas sem que ela se estresse ou tenha vontade de procurar outro, ou... opa, opa. Peraí. Já entendi tudo.
- Entendeu o quê?
- Você tem outro.
- Não seja ridículo.
- Você tem outro. Pode dizer.
- Eu não tenho outro. Será que uma mulher não pode buscar sua felicidade sem alguém pensar que tem homem na jogada?
- Vamos, pode falar.
- Douglas, por favor...
- Vai, diz. Eu aguento.
- Tudo bem. Eu tenho outro.
- Droga. Eu sabia.
- Sabia?
- Não, não sabia. Foi só uma frase retórica.
- Ah, tá.
- Márcia, quem é esse safado?
- Isso importa?
- Claro que importa.
- Deixa pra lá.
- Não, fala. Agora eu quero saber.
- Você vai ficar bravo.
- Não, não vou.
- Douglas...
- Fala!
- Tá bom, tá bom. É o ...
- O?
- O... o...
- Vai, Márcia. Fala de uma vez. Diz logo o nome desse... Ah, não. Não me diga que...
- Sim. Ele mesmo.
- Eu não acredito.
- Tá vendo? É por isso que eu não queria contar pra você. Eu sabia que você ia ficar bravo.
- Bravo? Eu? Imagina. Eu estou super feliz.
- Não precisa ser irônico.
- Aquele filho-da-puta.
- Controle-se, Douglas.
- Me controlar? Você me conta uma coisa dessas e quer que eu me controle? Meu melhor amigo imaginário com a minha namorada imaginária... Muito bom. Agora eu sou o quê? Um corno imaginário?
- Não acha que está levando isso a sério demais? Afinal, esse chifre não existe. Está tudo na sua cabeça.
- Excelente sua piada, Márcia.
- Desculpe. Saiu sem querer. O que eu quis dizer é que... Bem, Douglas, esta situação é apenas uma criação da sua mente, não é mesmo?
- Não tem dessa. Um corno é um corno em qualquer circunstância. Inclusive no mundo da imaginação.
- Para de drama.
- Olha, o Homem-Edredon é o meu melhor amigo, meu primeiro amigo, eu conheço o Homem-Edredon desde... desde... desde nem sei quando. Você não pode ter um caso com o Homem-Edredon.
- Por que não? Nós também temos direito à felicidade.
- Mas o Homem-Edredon é o meu melhor amigo, porra.
- Ah, não vem com essa. Ultimamente você não estava nem aí pra ele, só dava atenção para o Capitão-Cerveja e o Major Controle-Remoto.
- Só pode ser de sacanagem. Tanto amigo imaginário por aí e você tinha que pegar justamente o Homem-Edredon? Por que logo ele, Márcia?
- Não sei. Na verdade, eu sou apenas um prolongamento da sua personalidade. Minhas ações são apenas manifestações dos seus desejos, conscientes ou não.
- Está dizendo que eu tenho tesão no Homem-Edredon? Então também está dizendo que eu sou gay? Além de corno, também sou gay?
- Escuta, Douglas, não dificulta as coisas pra mim.
- Dificultar pra você? Ah, tá. Eu perco a namorada para um edredon e as coisas estão difíceis pra você?
- Vai ser melhor assim. Agora você pode voltar pra realidade e ir atrás de uma mulher de verdade.
- Mas eu não quero uma mulher de verdade. Eu quero uma mulher gostosa mas que sinta tesão por mim, entende? Uma mulher compreensiva, que goste de futebol e que goze em dois minutos e doze segundos. Será que é pedir demais?
- Adeus, Douglas.
- Pode ir, pode ir. Espero que você seja muito feliz. Mas duvido que um edredon consiga imaginar uma viagem a Bariloche ou um anel de diamantes. E tem mais. Eu poderia dizer que o pênis do Homem-Edredon murcha quando você encosta, mas acho que você já sabe disso, não é? Ha, ha. Quero ver se ele consegue fazer o coqueirinho caribenho. Ha ha. Desculpa, Márcia, eu não quis dizer isso. É que eu estou meio nervoso. Por favor, volta, Márcia. Volta. Sua vadia.


Daqui.