terça-feira, 1 de junho de 2010

Meu superpoder

Tenho uma habilidade muito pouco reconhecida. Eu posso dormir em qualquer lugar. Sério. Meu único limitante (no momento) é precisar de um lugar pra sentar, mas estou trabalhando nisso. Quase consegui dormir de pé uma vez, foi por pouco, mas ainda não cheguei no equilíbrio necessário. Enganam-se se pensam que isso foi uma habilidade que caiu do céu, que nasci com ela. Ela foi trabalhada arduamente durante meus anos de primeiro e segundo grau.

Se bem me lembro, lá pela primeira série, estava cansado numa das últimas aulas do dia, deitei na classe e fiquei um bom tempo assim, embora não exatamente dormindo. Um dos meus colegas dedo-duro comentou com a professora, e ela disse "Deixa ele, deve estar cansado". Mas naquela época isso era a exceção, normalmente alguem sempre te acordava. Foi só na sexta série que eu consegui maior margem pra dormir nas aulas, e então descobri o verdadeiro potencial desse ato: fazer os momentos chatos do dia passarem mais rápido.

Imagine só, poder cochilar na sala de espera do médico ou da coordenação da escola (eu era mandado pra lá de vez em quando), durante horas de uma viagem, quando estiver doente, desanimado, sem nada pra fazer, etc. Porém, naquela época, eu ainda necessitava de uma classe, algo em que deitar a cabeça e apoiar o corpo. Hoje em dia vejo como era inexperiente. Sem falar que pegava muito mal, acordar com marca do livro no rosto, baba escorrendo pela boca. Foi numa dessas que um engraçadinho da turma me deu apelido de Capitão Soneca.
- Colchão!
- Lençol!
- Cobertor!
- Travesseiro!
- Pela união dos seus poderes, eu sou... huaaah.... Zzzz...

Passei parte da oitava série imaginando alguma forma de dormir escorado pra trás ou pra frente na cadeira, e comecei a conseguir dormir quase encostando na carteira, mas ainda não era o suficiente. Ficava muito óbvio, precisava de um jeito de dormir que não chamasse tanto a atenção, e usar o braço pra escorar a cabeça estava ficando batido.

Foi somente no segundo ano do segundo grau que dominei um jeito de fazer com que o próprio pescoço segurasse o peso da cabeça, permitindo um cochilo muito mais discreto (não tentem fazer isso em casa crianças, precisa de um pescoço forte). Conseguia então simplesmente baixar a cabeça alguns graus e me deixar levar pelo sono.

O problema é quando esse superpoder(?) sai do controle. De uns tempos pra cá, quando tenho crises de sono ou cansaço, por mais que queira prestar atenção em alguma coisa ou me manter acordado, minhas pálpebras vão fechando e minha cabeça baixando. E eu nem noto. Estou no meio da aula quando de repente a sala é invadida por macacos dançantes, uma enxente ou qualquer coisa. É aí que eu noto que estou dormindo e tento acordar depressa, de vez em quando com um pulo da cadeira, que ou assusta ou faz as pessoas (que me conhecem) terem acessos de riso. Mas um dia eu chego à perfeição... de preferência aos poucos pra não cansar muito.

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