segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vai uma charada?

Acredite quem quiser, gastei uns minutos do meu dia criando um poema (ou tá mais pra versinho?). Isso é tão "não eu" que até fiquei assustado. Mas, como bom humano que sou, consegui distorcer seu uso final e contornei esse conflito de identidade. Eu ia dizer sobre o que o poema é (seria inclusive o título do post), mas agora ele vai servir de um experimento, digam que significado vêem nele e tentem adivinhar sobre o que ele fala. É algo muito comum, tão comum que acho que ninguém vai se dar conta. Tem algumas palavras mais "regionais" no meio, qualquer coisa que não acharem num dicionário é só perguntar.

Fiel, destemido,
aonde foi você, meu amigo?
Antes, a alegria da festa,
agora está aí... caído.

Por que transpiras
se estás manso?
Vem cá,
te arranjo um descanso.

Transbordando estavas, e já esvanecido?
Tão pálido, esquálido,
que ao te olhar, vejo ao comprido.
Translúcido, como o vidro...

Se em ti, tudo fica: marca, nome e apelido,
é triste, confesso, dá até arrepio,
te olhar de soslaio
e te ver tão vazio.

Espero que logo,
no mais tardar,
apareça quem possa
te completar.

domingo, 27 de junho de 2010

Cultura futebolística

Quando eu era criança, lembro vagamente de algum professor fazer uma crítica ao modo com que o brasileiro via a copa do mundo de futebol. Acho que ele chegou a citar "pão e circo", mas se comentou eu não entendi na época. Querem uma verdade? O período da copa do mundo cega as pessoas para problemas reais que estão acontecendo no mesmo momento, e de uma forma muito simples: falta de informação. Os grandes jornais estarão muito ocupados comentando jogos ou fazendo conjecturas sobre o campeão para informar, por exemplo, sobre a situação do vazamento de petróleo que era a principal notícia pré-copa. Quem sabe que coisas importantes e que mereciam atenção podem estar perdendo espaço para a paixão nacional.Se minha memória não falha, aquele professor estava bravo por casos de corrupção terem sido abafados em função disso, portanto o pão e circo. Dê a eles comida e diversão e reinará por 100 anos.

A questão aqui é se alguém realmente parou pra pensar se quer ter isso como parte da sua cultura, e as coisas que isso implica. Tudo bem que é o esporte preferido do país, que crianças jogam pelas ruas, que temos tradição, mas até que ponto nossa vida pode girar em função disso? Os dias de jogos do Brasil estão sendo tratados como meio-feriados, as lojas fecham, o comércio para, a atenção é toda voltada pra uma televisão por quase 2h. Não que eu esteja reclamando, adoro uma folga e gosto de ver o futebol da seleção, mas por que não se faz isso pro vôlei, se também existe uma tradição do Brasil na competição? E se fizéssemos isso pra todos os esportes?  Afinal, é só de 4 em 4 anos.
Acho engraçado pensar que se algum país estrangeiro quisesse nos invadir, como se viu várias vezes na história, não teria data melhor para um ataque massivo do que a de uma final de copa. Nem mesmo os dias de carnaval.

Foi só uma coisa que passou pela minha cabeça esses dias.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Histórias de vida

 Joãozinho era um garoto de favela, como muitos que existem por aí. Ele não fazia o tipo sonhador; muito pelo contrário, era absurdamente realista quanto a sua perspectiva de vida. Afinal, todos de sua família, pai, tio, avô, primo, estiveram boa parte da vida ou estão em uma penitenciária do estado. E os que não estão atualmente, sabe-se, mera questão de tempo. Reza a lenda que alguns foram até concebidos na cadeia. Mas Joãzinho sabia que não queria isso da vida. Queria mais. Traçou, então, planos e objetivos para seu futuro.
Não era nenhum gênio, então precisou estudar arduamente para sair do primeiro grau e entrar em uma boa escola. Se formou técnico ao mesmo tempo que completou o segundo grau. Mas Joãozinho, agora João, sabia que isso não era o suficiente. Estudou então como nunca para passar no vestibular, e foi a coisa mais difícil que ele já fez. Fez mais cadeiras que seus colegas, se formou em biblioteconomia em tempo recorde. Com o canudo em mãos, agora ele podia finalmente partir para o que queria. Tudo em seu plano havia dado certo até então. Assim, com uma arminha de plástico, tentou assaltar o primeiro banco que encontrou, e esperou pacientemente a chegada da polícia. Confessou prontamente seu crime ao se entregar às autoridades, sendo condenado à prisão especial para curso superior.

sábado, 5 de junho de 2010

Mundo Maluco

Acabei de conversar com um cara que é contratado pelo Google pra analisar conteúdo pornográfico. Ele recebe uma busca do tipo "lésbicas", que não necessariamente é pornográfico, e vê quais respostas levam a materiais pornô.

Aparentemente nem sempre o trabalho envolve refinar putaria, mas que é algo engraçado que alguém ganhe pra fazer o que muita gente acaba fazendo individualmente, isso é.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ode à amizade

Mais um daqueles textos que vocês tem que ler, de um blog que achei no do Trovador.

Se eu quisesse escolher alguém…


I
Que se explodam os classicistas
E os roqueiros de quadril de aço
Quem não tem molejo
Não consegue dançar
II
Que sumam os pagodeiros
E seus colegas funkeiros
Que suas músicas de letras patéticas
Revelem seus verdadeiros desejos
III
Se eu quisesse escolher alguém
Pela música que ouvem
Não escolheria ter amigos
Mas sim um rádio portátil
IV
Que um raio partam os ateus
Para terem mais fé
Que uma doença terminal
fulmine os crentes milagreiros
V
Que o fogo de um caldeirão
Engula os bruxos e feiticeiros
Que o peso dos livros sagrados
Estourem a cabeça dos agnósticos
VI
Se eu fosse escolher um amigo
Pela religião que ele escolheu
Não teria amigos, mas sim
Livros, feitiços ou fetiches
VII
Que uma caneta afiada
corte o coração dos poetas
Que um dado mal-jogado
Bloqueie a traquéia do RPGista
VIII
Se eu fosse escolher meus amigos
Pelos seus hobbies
não teria amigos, mas sim
Um grupo de terapia ocupacional
IX
Se eu escolhesse meus amigos
não por quem são, mas por quem seguem
Seria uma pessoa solitária
Já que não sigo ninguém
X
São tantos os nomes
São tantas as pessoas
Os hobbies e religiões
Músicas e Estilos
XI
William, Carla, Thalles
Trovador, Sidney, Rafa
Carlos, André, Carolzinha
Cibele, Janete, Cátia
XII
Esses são alguns amigos
De brincadeiras e fés diversas
De vocações e orientações
Específicas de cada um
XIII
Se eu fosse escolhê-los
Só por seus estilos
Não teria amigos
Teria  uma peneira
XIV
As pessoas que elegi
Como meus amigos
Não os quis por seus padrões,
Mas sim por suas essências.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Meu superpoder

Tenho uma habilidade muito pouco reconhecida. Eu posso dormir em qualquer lugar. Sério. Meu único limitante (no momento) é precisar de um lugar pra sentar, mas estou trabalhando nisso. Quase consegui dormir de pé uma vez, foi por pouco, mas ainda não cheguei no equilíbrio necessário. Enganam-se se pensam que isso foi uma habilidade que caiu do céu, que nasci com ela. Ela foi trabalhada arduamente durante meus anos de primeiro e segundo grau.

Se bem me lembro, lá pela primeira série, estava cansado numa das últimas aulas do dia, deitei na classe e fiquei um bom tempo assim, embora não exatamente dormindo. Um dos meus colegas dedo-duro comentou com a professora, e ela disse "Deixa ele, deve estar cansado". Mas naquela época isso era a exceção, normalmente alguem sempre te acordava. Foi só na sexta série que eu consegui maior margem pra dormir nas aulas, e então descobri o verdadeiro potencial desse ato: fazer os momentos chatos do dia passarem mais rápido.

Imagine só, poder cochilar na sala de espera do médico ou da coordenação da escola (eu era mandado pra lá de vez em quando), durante horas de uma viagem, quando estiver doente, desanimado, sem nada pra fazer, etc. Porém, naquela época, eu ainda necessitava de uma classe, algo em que deitar a cabeça e apoiar o corpo. Hoje em dia vejo como era inexperiente. Sem falar que pegava muito mal, acordar com marca do livro no rosto, baba escorrendo pela boca. Foi numa dessas que um engraçadinho da turma me deu apelido de Capitão Soneca.
- Colchão!
- Lençol!
- Cobertor!
- Travesseiro!
- Pela união dos seus poderes, eu sou... huaaah.... Zzzz...

Passei parte da oitava série imaginando alguma forma de dormir escorado pra trás ou pra frente na cadeira, e comecei a conseguir dormir quase encostando na carteira, mas ainda não era o suficiente. Ficava muito óbvio, precisava de um jeito de dormir que não chamasse tanto a atenção, e usar o braço pra escorar a cabeça estava ficando batido.

Foi somente no segundo ano do segundo grau que dominei um jeito de fazer com que o próprio pescoço segurasse o peso da cabeça, permitindo um cochilo muito mais discreto (não tentem fazer isso em casa crianças, precisa de um pescoço forte). Conseguia então simplesmente baixar a cabeça alguns graus e me deixar levar pelo sono.

O problema é quando esse superpoder(?) sai do controle. De uns tempos pra cá, quando tenho crises de sono ou cansaço, por mais que queira prestar atenção em alguma coisa ou me manter acordado, minhas pálpebras vão fechando e minha cabeça baixando. E eu nem noto. Estou no meio da aula quando de repente a sala é invadida por macacos dançantes, uma enxente ou qualquer coisa. É aí que eu noto que estou dormindo e tento acordar depressa, de vez em quando com um pulo da cadeira, que ou assusta ou faz as pessoas (que me conhecem) terem acessos de riso. Mas um dia eu chego à perfeição... de preferência aos poucos pra não cansar muito.