quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Quintessência

Um papo mais cabeça hoje.
O que acham que forma uma pessoa? Do que se faz uma personalidade? Alguém nasce sendo quem é ou é moldado por seu exterior? Há algum tempo venho revendo mentalmente meus conceitos sobre isso, e após ler o post do blog de um amigo, resolvi expor algumas partes.

Antigamente, eu tendia a acreditar que as pessoas eram fruto da criação que tiveram. A maior evidência disso era que pessoas agem diferentemente conforme o lugar onde estão. A mesma pessoa conhecida em casa por ser fechada, ao sair entre amigos fala demais. Quem as levou a ser assim, a não ser seu ambiente? Quem leu a renomada ficção-científica "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley conhece o preço que se pagou por uma utopia: o condicionamento de pessoas. Se você ensinar desde bebês as pessoas a associar vermelho com dor, garanto que a porta vermelha em um labirinto não seria a primeira escolha delas.

No entanto, ultimamente tenho tido várias lembranças de quando era pequeno, coisa que é extremamente rara pra mim, que de certa forma escolhi manter os detalhes da minha infância mais no coração do que nos neurônios. Isso me fez perceber que certas ações e pensamentos que tenho eram meus desde criança. De onde essas características saíram então, se não foi do meu ambiente? Sem ter qualquer experiência, boa ou ruim, sobre certo assunto, o que te leva a decidir por uma determinada escolha ou padrão de ação?

Em certo aspecto, acho que podemos citar genética. Mas calma, não estou dizendo que sua personalidade é algo pré-definido desde o nascimento, seria equivalente a acreditar em destino, e eu não acredito nele completamente, mas isso fica pra outra hora. Entendam que o cérebro e corpo são máquinas biológicas, e funcionam à base de certas substâncias (como os neurotransmissores). A falta ou excesso de algumas pode te deixar depressivo, irritado, desconfortável ou, por que não, louco. Pois bem, uma coisa que a sua genética define é como funciona a química em seu cérebro e corpo.

Digamos duas crianças, ambas são machucadas por uma terceira. O cérebro de ambas reage, ordenando liberação de adrenalina no sangue, dopamina nas sinapses, e otras cositas más. Uma, com raiva, revida, a outra, porém, se afasta do agressor por medo de ser machucada de novo. E essa é minha resposta. Certos acontecimentos vão te marcar na sua vida não somente porque aconteceram com você, mas porque você reagiu a eles à sua maneira, e isso, mais que tudo, diz quem você é. E como será sua reação, em alguma parte, já está definida desde o seu nascimento.

Mas acredito que esse aspecto da genética no máximo indica uma tendência, uma probabilidade entre você revidar ou fugir, tem tantas chances de afetar sua reação quanto sua mãe ter dito que brigar é feio ou que você vem de uma tribo de guerreiros. Nisso, sempre houve uma pergunta. E se duas pessoas fossem submetidas ao EXATO mesmo ambiente desde que nasceram? Mamassem no mesmo seio direito na mesma hora do dia, dormissem sob um lençol de algodão com cheiro de lavanda, convivessem com as mesmas pessoas... enfim, passassem pelas mesmas experiências, sem tirar nem por, elas necessariamente cresceriam o mesmo tipo de pessoa?
Adiciono então, e se além do ambiente, o próprio DNA dessas pessoas fosse o mesmo?

7 comentários:

  1. Eu tive uma discussão com minha professora de inglês em Brighton sobre isso...

    Ela trouxe um texto falando de gêmeos e sobre como o ambiente molda as pessoas. Ela própria tem uma irmã gêmea idêntica (univitelinas, mesmo DNA e tal) e comentou que elas não podiam ser mais diferentes em tudo. Então ela usou o próprio exemplo para dizer que elas tem o mesmo DNA e cresceram no mesmo ambiente, mas são completamentes diferentes...

    Como tenho gosto de discordar de tudo (se a pessoa muda de opinião, eu tomo o lado contrário de novo XD), não deixei passar...

    Primeiro comecei a falar sobre como o ambiente modifica, sim, alguém mas também o "mesmo ambiente" que ela falou não seria realmente o mesmo, falei sobre isso de quimica... que elas tem o mesmo DNA, mas para ele se manifestar de um jeito ou de outro depende do que nos alimentamos, ou seja, elas não se alimentaram sempre das mesmas coisas então os genes se manifestam diferentes.

    E quando o pessoal tava começando a aceitar que o molda a pessoa é o ambiente, eu mudei para falar que irmãos "normais" que nascem no mesmo ambiente tem tendencia a serem diferentes, afinal, nem mesmo o DNA é o mesmo... mas levando só em conta como fomos criados (ignorando quimica/biologia), os nossos genes são diferentes então manifestam reações diferentes na nossa personalidade.

    E no fim, terminou que concordamos que não é 100% ambiente onde crescemos nem 100% o nosso código genético que nos definem que somos, é uma mistura dos dois e, para quem acredita, tem um toque de mistério tb.

    (tomara que eu não tenha só repetido oq tu falou o.o)

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  2. UAhUAhUAhUAhUAhUA

    Vdd, a historinha deu um charme...

    ENGRAÇADO esse post, ontem mesmo eu estava discutindo com um amigo meu sobre isso

    Ele é psicologo e acredita em livre-arbítrio, acredita que as pessoas escolhem livremente o que acreditar e o que fazer...

    Eu sou o que ele chama de determinista (embora eu não concorde com certos aspectos do determinismo, mas poucos...)

    Então, apesar de respeitarmos a opinião um do outro, sempre surge uma vez ou outra o assunto e começamos a conversar.

    Eu não acredito no livre-arbitrio, não escolha livre, todas elas estão amarradas à conceitos e à situações... deixando somente uma escolha possivel, determinada pelo conjunto dos genes, da filosofia de vida, das situações e tudo mais.

    Você não acredita em destino...
    Vou te explicar meu conceito de destino.

    Pegue um fato da sua vida. Você verá que algo o causou, por exemplo, o fato de você ter escrito esse texto ou ter feito esse blog foi por alguma razão, subconsciente ou não.
    MAS HOUVE ALGUM FATO EXTERIOR A VOCÊ QUE O ESTIMULOU A CRIAR O TEXTO E O BLOG.
    Agora tente mudar esse fato, pra você não ter criado esse blog, você teria que NÃO ter vivenciado o fato exterior que o estimulou a cria-lo, nem nenhum outro semelhante, no momento do passado que você o vivenciou. Simplesmente excluir a causa dessa consequencia (*que é o blog*)
    Porém... A causa, em si, é a consequencia de outra coisa anterior a ela, de maneira pra para mudá-la e faze-la não existir, teriamos que voltar mais no tempo e mudar a coisa anterior a 1ª causa...
    Assumindo que não há consequencia sem causa que a preceda, somos levados até o principio dos tempos (se não além dele) e para impedir que esse blog surja, teriamos que fazer o universo não existir. ^^

    O mesmo pode-se dizer de uma pessoa. O que ela é foi predeterminado. Ela não poderia ser diferente do que ela é, pois para mudar uma simples caracteristica, cairiamos no mesmo jogo de consequencia-causa até chegarmos ao começo ds tempos.

    E podemos, claro, ampliar essa condição ao futuro. Somos causas pre-determinadas de consequencias posteriores...

    Tudo acontece da única maneira que poderia acontecer...

    Claro que eu não acredito que TUDO seja assim, mas a imensa maioria das coisas PRECISA de uma causa para existir.

    De deixar louco, não? XD

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  3. Bom, na verdade não vejo mudança prática na visão de mundo por esse determinismo, porque apesar de você achar que tudo tem uma causa e uma consequencia, isso só fica evidente após você ter um par ação-reação formado. Quer dizer, a próxima consequencia da qual a sua foi causa, apesar de poder já estar determinada, não pode ser dita com certeza, só se sabe que existirá.
    Quanto a você ter que impedir o universo de existir, só faz sentido se você pensar em tudo interligado. E é nesse ponto que eu não acredito em destino. Acredito que certos acontecimentos podem ser interligados em uma cadeia de ação-reação, mas não todos, pois existem fatores ação demais em larga escala.

    Exemplo. O mant vira o rosto, vê uma menina andando e se apaixona. Ele virou o rosto pq o vento fez o cabelo ficar nos seus olhos, ele viu a menina porque não havia ninguem passando na frente dela, ela estava andando porque o carro estragou a 2 quadras dali, o mant está nesse lugar porque pegou o ônibus errado, a menina está exatamente onde está porque o sinal abriu quando ela ia passar a 1 quadra atrás, depois alguem cortou a frente dela, e assim vai.... São infinitos os fatores que levaram cada um desses detalhes a acontecer, e se um fio de cabelo caísse no tietê dois dias atrás, nada disso teria acontecido. Ao mesmo tempo que isso poderia aumentar a certeza de que tudo é exato, pra mim só diz que nada é.

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  4. tava lendo aquele "universo numa casca de nóz" (ou melhor, tentando ler), tem uma parte que fala sobre a teoria de histórias múltiplas... simplificando, seria que tudo pode acontecer e tudo "acontece" ao mesmo tempo... mas exceto a história "visível" todas as outra se anulam, só que estavam ali para ser a principal... foi a "sorte" que escolheu uma à outra, tem umas paradas da quantica tb, do principio de incerteza...

    outra parte fala que "as coisas são do jeito que são, pq SÃO"... nós não nos perguntaríamos "pq choveu hj?" se não tivesse chovido, por exemplo...

    enfim, escrevi isso para dizer: se aqueles loucos (aka fisicos teoricos) não conseguem pensar em algo para definir uma "certeza", eu continuo me preocupando com me umbigo... q por sinal precisa ser lavado o.o


    (e se acharam q entenderam oq eu falei, é pq não entenderam XD)

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  5. vi a capa da Super Interessante esses dias... era sobre "o que é ser você" o.o

    chega a ser bizarro como a gente percebe coisas relacionadas com oq tem pensado/agido assim q começa a pensa/agir com tal o.o'

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